sábado, 21 de agosto de 2010

Destino traçoeiro


Ela era uma menina, simples, que sonhava em conhecer o amor, como o avô lhe dizia.
Um dia ela conheceu um menino. E eles sentiram alguma coisa. Ele decidiu partir o coração dela. E ela disse fim para ele. Os dias passaram. E ela nunca soube de verdade o que tinha acontecido. Ela se enganou tanto. Ela só queria que a vida fosse mais fácil. Menos dolorosa. Mais prazerosa. Vovô sempre lhe dizia que a vida era como as flores de um jardim. Um dia elas podem murchar, mas se você cuidar bem delas, elas continuam com o seu encanto. O vovô esqueceu de dizer que as tempestades estragam o jardim. A pequena menina pensava nisso sempre, e como queria ter ele ao seu lado. Ele era tão sábio. E depois que ele se foi, sua vida ficou vazia.
O seu coração se partiu duas vezes. Ela queria saber porque os meninos gostam tanto de fazer isso. Ela nunca conseguiu decifrar esses desafios. A sua vida foi passando. Monótona. Melancólica. Ela não conseguia mais sorrir. Ela cresceu, de menina para garota. De garota para mulher. Mudou-se do campo. E se estabilizou na cidade grande. O que ela não sabia era como tudo mudaria. Ou não.
Era verão quando ela andava em direção a praça. Ela esbarra com um homem. O reconheceu. Tinha uma duvida. Perguntou o nome. Confirmou. Era o seu menininho. Ele a abraçou. E se desculpou. E depois, foi embora. Mais uma vez.
As lágrimas invadiam o rosto daquela mulher. Lágrimas de uma criança, que chorava, pela segunda vez pelo mesmo motivo. Ela quis correr. E correu muito. Muito. Muito. O quanto pode. O vento em seu rosto fazia as lágrimas secarem. E mesmo que não nos olhos, as lágrimas estavam em seu coração. Lágrimas de sangue. Ela parou. Fechou os olhos. Desejou morrer. Ela não queria aquela vida. Ela caiu no chão, ensanguentada. Um carro parou. Um homem saiu dele e correu em direção a ela. Desesperado. Era ele. O menininho. Tão amado, e tão cruel.
E o desejo da mulher, se realizou. Ela morreu. De amor. De dor. Por ela. Por ele. Por vovô. E por aquela vida, de angustia, amarguras. Morreu por amor. Morreu pelas flores. Pelo jardim. Pela tempestade.
Começou a chover e o homem continuou ali, junto a seu corpo, na rua. Quando todos entraram. Ele começou a chorar. E chorou. Muito. Muito. Lágrimas de um menininho. Ele pôs a mão no bolso do casaco da mulher. E leu o que restava de um bilhete. "Se um dia, eu o encontrar, serei feliz. Tentarei. Se ele não for embora como fez uma vez. Mas se ele for, desejarei morrer. E será o fim, para mim, para esse amor, para essa dor. Queria ter uma chance de dizer a ele o quanto eu o ...". A próxima palavra seria 'amo'. Nós sabemos. O homem não sabia. Imaginou. Mas não sabia. Nunca soube. Ele se arrependeu. Mas já era tarde demais. Ele se deitou ao lado da mulher. E desejou partir com ela. Mas ele não a acompanhou. Ele se levantou. Entrou em seu carro. Deixou o corpo da mulher jogado na rua. Na chuva. No frio. E foi embora, outra vez.

Um comentário:

  1. aff se fosse assim
    q coisa tragica
    nós homems sentimos tambem
    pelo menos eu...xD

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